quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ingrid Weiss Klein

ETE José Feijó
A pior experiência da vida de Cláudia

Hoje em dia, estamos sofrendo uma séria de violências, de várias maneiras, e em vários lugares. Com mais freqüência, a das drogas, que acaba com a vida de muitas pessoas, não só de usuários, mas, também, de seus familiares; e, também, a violência no trânsito, que acaba com vidas, deixa sequelas, dor a quem perde uma pessoa querida. Adriana, uma menina simples, que morava no interior do Rio grande do Sul, era muito dedicada aos estudos e ao trabalho, que desenvolvia em ajudar as pessoas, que estavam a sua volta. Ser agente de saúde virou uma opção de vida, pois dedicava seu tempo a conversar com as pessoas. Com 13 anos, sua mãe, Eliana, a ensinou a dirigir moto, um transporte muito usado por moradores de lá, e, logo, também, seu pai, Vilmar, grande agricultor, que sempre sonhou em ter um filho homem, mas como não o tivera, ensinou tudo que já havia aprendido à Adriana: dirigir trator, seu grande instrumento de trabalho, e, também, lhe havia ensinado a dirigir sua caminhoneta, conquistada com tanto suor.
Adriana acordava cedo, para ajudar sua mãe a ordenhar as vacas, e, logo, ia à escola. Uma pessoa dedicada, que tudo o que fazia, procurava fazer bem feito, para que todos se orgulhassem dela. Sua mãe Eliana trabalhava no posto de saúde, só voltava a casa para o almoço; sua irmã Fernanda implicava muito com ela, pois Adriana era bem organizada, gostava de tudo limpo. Já Fernanda era bagunceira, não ajudava a fazer nada. Tinha, também, sua avó, Rosa, uma mulher idosa, com seus 87 anos. Uma senhora muito doente, que tinha seis filhas e três filhos, 36 netos e inúmeros bisnetos, sobrevivia aos cuidados de sua nora e neta, na casa de seu filho mais velho, Vilmar.
Nas férias de verão, de um ano, que há pouco havia começado, sua prima Cláudia, que morava em Porto Alegre, foi visitá-las, com promessas de grande divertimento e aventuras. Eram muito amigas, tinham idades muito próximas. Adriana, com seus 21 anos; Fernanda mais nova, com 15 anos de muita bagunça; e Cláudia, com a mesma idade de Fê, como era conhecida. Tomavam tererê, típico do Paraguai, país com o qual sua cidade fazia fronteira, mas davam uma acrescentadinha de Vodca, para alegrar um pouco, e funcionava, pois ficavam loucas, falavam muita besteira à beira do rio Ijuí, que banhava a região. Aos fins de semana, iam para o Centro, jogar vôlei com seus amigos, onde se divertiam bastante.
Cláudia havia tirado carteira de habilitação, assim poderiam ir a festas, sem que ninguém precisasse levá-las. Adriana era uma pessoa responsável, bebia pouco, para poder dirigir. Não dirigia rápido, para que nenhum acidente lhe ocorresse, pois dependia de sua moto, para trabalhar.
Seus pais depositavam muita confiança nela. Aquelas meninas eram profissionais em fazer bagunça, rir e beber, e nossa, como bebiam... mas as férias já estavam acabando. Cláudia precisava ir para a Capital, pois as aulas já estavam para começar. Aquele ano havia sido perfeito para as meninas, mas não imaginavam o que as esperava.
Uma semana depois da sua volta, Cláudia recebe uma ligação. Era seu tio Guido, que havia ligado, para lhe informar que a sua avó, Rosa, havia falecido. Ela não esperava receber uma notícia daquelas em uma terça-feira, que era seu dia preferido da semana... Cláudia, abalada, foi com seus pais, para a pequena cidade de Roque Gonzales, onde encontrou as suas primas, apavoradas, sem acreditar no que havia acontecido. Triste, as abraçou. Foi uma cena comovente, pois a tristeza que sentiam era tamanha, que não conseguiam nem se alimentar. Tudo voltou ao normal, por enquanto, pois a grande perda, ainda, não havia acontecido.
Foi no dia 30 de março, que Cláudia e toda a sua família descobriram o que é perder uma pessoa importante, inesquecível, insubstituível. Foi o dia em que aconteceu o inesperado. Toca o telefone na casa da Fernanda, então, ela atende, era do hospital, avisando que sua irmã querida, com quem brigava sempre, havia sofrido um acidente. Assustados, Fernanda e seus pais foram, então, ao hospital da pequena cidade. Lá, descobriram que Adriana não havia sobrevivido. Chorando muito, foram preparar o velório da pessoa, que mais amavam, a filha, a irmã, a amiga, a prima, tudo que eles mais amavam.
Seu pai Vilmar, inconsolável, queria entender o que havia acontecido. O policial, então, tentou explicar:
- Sua filha estava indo fazer a última visita da manhã, estava andando preocupada, amedrontada, pois o dono da casa, que ia visitar era o homem que havia lhe tratado mal, por não ter mais vagas com o dentista. Quando foi para o acostamento, para poder dobrar a esquerda, avistou uma carreta, indo para a fronteira, que diminuiu a velocidade, para que ela pudesse passar, calmamente, ia atravessando a estrada, com a sua moto, quando outra carreta que estava ultrapassando outra, cujo motorista tinha sido simpático, em alta velocidade, bateu na traseira de sua moto, da qual Adriana voou. Seu capacete, instrumento que deveria salvar a sua vida, a matou enforcada. O motorista, que havia batido estava dormindo, sob fortes remédios. Depois, quando percebeu a grande besteira, que havia feito, parou em um posto de gasolina, pediu, para lavar sua carreta, pois havia atropelado um cachorro, mas o sangue que havia nela era de Adriana. O carioca assassino foi preso, mas pagou fiança. Hoje está pondo em risco a vida de outros trabalhadores indefesos.
Hoje em dia, Vilmar, Fernanda e Eliana fazem tratamento psicológico, e Cláudia sofre em silêncio a sua dor, a qual jamais passará. Acontecimentos, assim, servem, para que nós tenhamos mais responsabilidade ao volante, e saibamos que nenhum acidente de trânsito, com vítimas, é como qualquer outro, sem valor nenhum, pois sempre há pessoas que acabam sofrendo com a perda da pessoa amada.

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