quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Jalili Petzold Mendes

EEEF Vinte de Setembro
Jalili Petzold Mendes

Havia, na rua da minha casa, uma menina,uma amiga,chamada Carol. Ela tinha a minha idade, 14 anos, ela era normal, tinha família, saía com os amigos, mas, depois que ela se apaixonou por um rapaz de mais ou menos 20 ou 22, ela começou a mudar: ela sorria, mas sabia que, por trás daquele sorriso,tinha uma lágrima pronta, para descer de seus olhos.
Certa vez, em um ano de Copa do Mundo, dia de jogo do Brasil, todos do bairro resolveram se reunir, para assistir ao jogo. Eu e a minha família fomos a essa reunião. Chegamos lá, mas eu percebi que tinha me esquecido de algo. Ah! Tinha me esquecido da minha vuvuzela em casa, voltei para pegá-la. Quando voltei, ouvi um grito, era a voz da Carol, resolvi ir a sua casa, que era em frente a minha, mas quando olhei pela janela, vi só a cabeça de alguém, de um homem, era aquele rapaz, que ela conheceu e por quem loucamente se apaixonou. Mas ele estava lá, só não entendi por que, a Carol sempre teve respeito pela sua família, e por ela mesma, ainda era muito cedo para eles terem algo mais que beijo na relação! Também não entendi por que ela havia gritado. Eu era muito baixinha, não conseguia ver outra coisa a não ser a cabeça de alguém alto, como o namorado da Carol. Peguei, então, um tijolinho, que alguns amigos nossos usavam, para fazer goleiras no meio da rua, para jogar futebol. Consegui ver um pouquinho mais em baixo, mas não via a Carol. Resolvi subir no vaso de planta da tia Maísa, mãe da Carol(naquela época, eu chamava as amigas da minha mãe de tia, e minha mãe e tia Maísa eram muito amigas), estava sem planta, e ainda bem que não era tão pesado. Consegui ver! A Carol tentava sair dos braços do namorado, que era forte, mas ele a segurava e não a deixava fugir. Percebi o que acontecia naquela hora. Ele queria tirar a blusa da Carol. Foi nessa parte que eu entrei na casa, graças a Deus a porta estava aberta. Peguei um dos outro vasos de planta da tia Maísa, um dos mais leves, claro, mas, também, um que doía se quebrasse nas costas de alguém, como eu quebrei nas costas daquele safado. Enfim, a Carol conseguiu sair dos braços do namorado e eu corri atrás, corremos muito, entramos em um beco, e,quando percebi que estávamos a salvo, dei um abraço nela, ela soluçava de tanto chorar! Fiquei um bom tempo, consolando-a com um abraço. Nós ficamos naquele beco até acabar o jogo.
No dia seguinte, eu resolvi fazer uma visita em sua casa, ela olhou para mim e ficou bastante tempo calada, até que sua mãe, a tia Maísa, que não entendia o que estava acontecendo, disse para ela subir comigo para o seu quarto. Subimos. Quando chegamos lá, nos sentamos em sua cama, como de costume, e ela começou a chorar, logo depois, parou e pediu a mim que eu não contasse a ninguém o que eu vi no dia anterior. A parir desse momento, eu considerei aquilo como se fosse um sonho, e ela, também.
Até hoje, com 35 anos, somos amigas, mas só ontem ela me contou que, naquela tarde, ele tentara ter relações sexuais com ela,ele tentara fazê-lo outras vezes, mas sempre algo atrapalhava.
Hoje, a Carol é casada e tem dois filhos, um menino e uma menina. Mas, ainda, tem um trauma, nunca deixa os seus filhos sozinhos, principalmente, a menina, que já está na fase da adolescência. Sua filha é rebelde, pois se sente presa.

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